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A moça da estrada florida – Um conto espiritualista - Por Amélia Corrêa Coelho

Era um dia de primavera e Paulo estava regressando de uma de suas viagens, dirigindo o seu carro, e admirando aquelas árvores todas floridas, e sentindo o aroma daquelas flores, sentiu uma felicidade imensa em poder observar tudo aquilo.

Começou a analisar a sua vida; nasceu praticamente órfão de pai, pois seu pai faleceu de um ataque cardíaco, quando ele tinha três meses de vida. Deixando sua mãe numa tristeza imensa e com a incumbência de criar ele e sua irmã, que estava com cinco anos.

A vida de sua mãe, não foi nada fácil pois a pensão, de sua mãe, deixada pelo seu pai era irrisória, por isso teve que voltar a trabalhar, lavava roupa e passava para diversas famílias, e com isso foi sustentado e educando os seus filhos, sua mãe amava muito o seu pai, e quando de sua passagem, ficou numa tristeza imensa, quase que também, desencarnou, mas reagiu, teria que enfrentar, aquela situação, havia duas crianças que dependiam dela, e com esse pensamento, superou as suas mágoas.

Criou e educou os seus filhos, e depois ficou por conta deles, já estava trabalhando e passaram a ajudar em casa, e a sua situação melhorou, já não havia necessidade de lavar roupa para fora, agora só lavava as suas roupas.

Mas como a felicidade no mundo terra é relativa, sua filha deu um mal passo e engravidou, e não se casou. O pai da criança era casado e não quis assumir nada, sua mãe ficou revoltada com isso, e resolveu procurá-lo para lhe dizer umas verdades (que era um canalha) e não quis nada dele, se propôs em ajudar a sua filha, dizendo: vamos criar essa criança, com amor, ela não pediu pra nascer.

Aconteceu que sua filha, casou-se e foi morar em outro estado, pouco se importando com aquele filho, deixando-o aos cuidados de sua mãe e irmão.

Paulo, sentia pelo menino uma certa simpatia, e o mesmo também, era recíproco aquele sentimento, ajudou na educação dele, era como se ele fosse o seu próprio filho.

Foi passando o tempo, e Paulo continuava solteiro, não havia encontrado uma pessoa que lhe despertasse interesse, o curioso é que sentia por sua mãe, uma certa idolatria, se sentia muito bem em estar ao seu lado, e de seu sobrinho também parecia que os dois o completavam, às vezes ficava intrigado com esse sentimento, mas logo se dissipava, e pensava como é bom saber que tenho duas pessoas que me ama.

Paulo gostava muito de frequentar boates, era a sua diversão, sabia que estava errado em frequentar aquele antro, era como se não tivesse escolha, às vezes pensava, preciso mudar a minha vida, ter um lar conjugal, só que não encontrava a pessoa certa, as que conhecia era igual a ele com os mesmos vícios, às vezes se sentia enojado (o que estava faltando para o Paulo era o lado espiritual, era muito materialista, tinha um bom emprego, e ganhava muito bem, achava que o dinheiro comprava tudo, só que não estava comprando aquela paz, que ele queria ter).

E continuou com essa vida, sua mãe era evangélica, e dizia a ele, se entrega a Jesus, só assim terás a paz que deseja, só que Paulo estava procurando algo mais, não sabia o que era, completamente desiludido com religiões acredita que existia uma força maior no universo.

Num dia chuvoso, Paulo voltava de uma de suas noitadas, e ao passar por uma estrada com curvas e barrancos, avistou uma mulher, fazendo sinal, que parasse, ficou receoso, pensou não parar, mas ao mesmo tempo, achou que devia parar, parou abriu a porta do carro e perguntou: o que aconteceu?

A mesma respondeu, me dá uma carona, sem Paulo responder que sim, foi entrando e sentou-se ao seu lado. Paulo pôs o carro em movimento e perguntou para onde você vai?

– Eu já vou descer, havia passado alguns metros e ela resolveu descer, foi ai que Paulo prestou atenção no seu rosto, fechou a porta do carro e continuou a viagem, ficou pensativo e intrigado, o que aquela mulher estava fazendo naquela estrada sozinha, com toda aquela chuva, mas logo pensou não tenho nada com isso.

Chegando em sua casa já amanhecendo, tomou um banho, o seu café e se jogou na cama e dormiu como uma pedra (nunca havia mergulhado num sono tão profundo).

Ao despertar horas depois, ligou a televisão para assistir os jornais do horário: o repórter estava noticiando o desaparecimento de uma jovem, com as características daquela mulher que ele havia dado carona, reconheceu a mesma que lhe pediu carona, através do retrato exibido, nem pestaneou, ligou para a polícia, informado, que havia dado carona a essa mesma mulher, em determinado trecho da estrada tal, e que ela havia descido antes do término da estrada: agradeceram a informação.

Horas mais, veio a saber, pela imprensa, que essa mulher, havia desencarnado, vítima de acidente de carro, o seu carro havia caído num daqueles barrancos.

Depois desse episódio em sua vida, tudo mudou, procurou terapeutas, psicólogos e pessoas que se diziam gurus, queria uma explicação para aquele incidente, como se aquela mulher estava morta, conseguiu falar com ele, pedindo carona, foi esclarecido sobre isso, e passou a estudar a vida fora da matéria, e começou a entender muita coisa em sua vida, irregular, ao frequentar aqueles lugares, cheio de fumaça de cigarro e álcool (bebidas alcoólicas) precisava a ter uma nova vida, mais saudável, e foi isso que fez, deu uma basta, e se entregou ao estudo espiritualista, e pensou consigo, a vida não é só de prazeres, existe algo mais, era isso que ele estava procurando, aquela paz espiritual, sem deixar de ter contato com a vida material. Teria que saber separar o joio do trigo.

O seu estudo espiritualista o levou a crer que o seu sobrinho, na encarnação passada, teria sido o seu pai, por isso essa afeição que sentia um pelo outro, sua mãe havia sido sua esposa na encarnação passada, por isso esse sentimento que sentia por ela, querendo sempre estar ao seu lado.

Começou a entender esses acontecimentos através de regressões espiritualistas que fez, e com essa terapia se libertou.
desdobramento
fenômeno natural

Sua mãe por ser evangélica, jamais aceitaria essa explicação, por não acreditar em reencarnações; guardaria consigo esse conhecimento, pensou consigo, temos que respeitar a filosofia de todos os seres humanos do planeta terra.

Sua mãe estava sempre falando: Paulo, você precisa ter a sua família.

O seu sobrinho havia se formado de engenheiro, e estava prestes a se casar, ele e sua mãe se sentiam felizes por isso. Sua mãe promovia algumas vezes cultos, em sua casa, Paulo achava até engraçado, no bom sentido, eles cantavam cantos evangélicos, e expulsavam forças malignas sem nenhum preparo espiritual. Paulo sabia que não era bem assim, mas não se envolvia, ficava deitado no seu quarto, lendo ou assistindo TV.

Num desses cultos em sua casa, sua mãe lhe apresentou uma jovem, Paulo estava deitado quando sua mãe, bateu na porta e falou: Paulo abre a porta, eu quero te apresentar a Letícia, muito a contra gosto, abriu a porta, e deparou com uma linda jovem, com um olhar diferente, e se interessou por ela, se dirigiu para a sala e acompanhou aquele culto por educação, que para ele não dizia nada.

Paulo e Letícia, depois desse dia começaram a ter um relacionamento, e os dois se afeiçoaram um com o outro, mas existia um problema, Paulo era espiritualista e ela evangélica, talvez isso fosse um problema na relação deles.

Pensou bem, e expôs a ela deixando bem claro, que ele não iria mudar sobre a sua filosofia e que também respeitaria a dela. resolveram casar, ela concordando em respeitar a filosofia dele.

Sua mãe, não se pronunciou sobre isso, achando que ele mudaria o seu modo de pensar só que isso nunca iria acontecer.

Quando sua filha nasceu, recebeu o nome de Madalena, a escolha foi de sua mãe, pois se tratava de um nome bíblico, e os dois concordaram com o nome escolhido.

Foi passando os anos e a menina Madalena era a alegria de sua avó e de seus pais, era amorosa e obediente, etc.

Um dia chuvoso, estavam regressando de um passeio, que durante aquele laser, estava um dia lindo de primavera, e no regresso estavam no meio daquele tempo, Paulo lembrou no incidente que aconteceu com ele, ao passar por aquela estrada, quando regressava de uma balada que frequentava.

Nesse exato momento, sua filha, falou: Papai lembra quando você me deu carona, estava chovendo também, Paulo ficou petrificado com aquela frase, sua esposa não sabia do ocorrido, e falou para sua filha: você está falando bobagens, respondeu - Não estou não, o papai sabe não é papai?

Paulo ficou calado, e logo em seguida, respondeu, eu sei bem filha, mas procura dormir um pouquinho, no colo de sua mamãe, e assim a menina relaxou e dormiu.

Paulo ficou o resto da viagem pensativo e começou a analisar sua vida, havia mudado, quando deu carona para aquela mulher, tudo modificou , foi se esclarecer o porquê daquele ocorrido, e entendeu que tinha duas vidas a ser vivida, a material e espiritual, acontece que estava só vivendo para a matéria, e depois do incidente  começou a estudar a vida espiritual, e tudo mudou na sua vida, para melhor.

Aquele espírito que estava encarnado no seu lar, era o espírito daquela mulher, que havia desencarnado de acidente, naquela estrada.

Como já possuía alguns esclarecimentos espirituais, não se deixou envolver por sentimentos doentios, e continuou a sua vida naturalmente, não sabia o porque daquilo, e nem queria saber, era a sua missão com aquele espírito, foi escolhido por ela, tinha que seguir em frente.

(Sua esposa ficou intrigada com a frase de sua filha e fez comentários com sua sogra, a mesma respondeu: criança fala cada uma, ela deve ter sonhado e ficou por isso mesmo.)

Paulo sabia que não adiantaria fazer comentários, pois não acreditariam, e guardou consigo esse segredo. Sua filha completou 7 anos e foi matriculada na escola e logo se destacou, aprendia com certa rapidez e facilidade, chamando atenção de sua professora, que perguntava se ela já havia estudado em outra escola, respondia: não, essa é a minha primeira escola.

Paulo compreendeu que sua filha era um espírito com evolução espiritual, e também em sua encarnação anterior, foi bem preparada para a vida, sentiu vontade de procurar saber detalhes daquela mulher do acidente, mas resolveu que não ia fazer nada disso.

Agora tinha a certeza que sua filha era o espírito daquela mulher do acidente na estrada, procurava sempre estar com o pensamento elevado, para beneficiar a sua filha para que esquecesse aquele episódio na estrada em sua encarnação passada e com isso foi conseguindo.

Voltou a passar novamente com sua filha e esposa naquela estrada para ver a reação de sua filha, simplesmente ela lhe disse: hoje está Sol não é papai? – Está sim filha, estamos na primavera e está tudo florido: filha você gosta da natureza? Respondeu: gosto sim papai eu amo você e a mamãe e a natureza.

Paulo resolveu mudar de cidade, para nunca mais passar por aquela estrada. E, assim aconteceu, desencarnou aos 90 anos, cheios de netos e bisnetos, tranquilo e feliz, tinha terminado a sua missão no Planeta Terra.

Sua jornada seria em mundos superiores.

Feliz do encarnado que consegue deixar algo de bom para os seus semelhantes, que ainda entram no caminho para a espiritualidade, nem que seja uma arvore plantada na beira de uma estrada.

A moça da estrada florida - Um conto espiritualista
Por Amélia Corrêa Coelho


Um pouco sobre a autora,
A Senhora Amélia Corrêa Coelho, além de ser estudiosa por muitos anos da Doutrina espiritualista racionalista cristã, participa assiduamente das reuniões públicas na Filial Santos do Racionalismo Cristão - Brasil.

Também tem escrito vários contos espiritualistas, entre eles, O Vestido Azul de Maria Luiza.

Limpeza Psíquica
"Não sou espírita, mas sim espiritualista. Acredito que existe uma força maior no universo de onde tudo vem e vai.

Acredito que tudo que fazemos é observado por forças superiores e inferiores e que convivemos com várias classes espirituais.

Quando encarnamos nesse mundo, foi para viver as quatro fases da vida; a infância, a mocidade, a maturidade e a velhice, mas estamos sujeitos a desencarnar momentaneamente, sem ter completado todas as fases devido às vicissitudes e calamidades que existem no planeta Terra." — a autora

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